Thursday, March 22, 2007

28 Nov 2006, Tutuala e Jaco

Crianças a brincar a caminho em Tutuala

Crianças a vender artesanato feito com carapaça de tartarugana
junto à pousada abandonada de Tutuala




No beco a chegar ao ilhéu de jaco

Ilhéu de Jaco - Á esquerda vê-se o extremo mais oriental da ilha de Timor Leste



Ás cinco da manhã, levantados para ver o nascer do sol

Num fim de semana de paisagens paradisíacas com águas cristalinas e praias de areia branca a perder de vista. Se o paraíso existe deve ser algo assim... Situado no extremo da ponta este da ilha de Timor o ilhéu de Jaco é uma reserva natural onde não existe uma estrada, uma casa onde não existe absolutamente nada.

Os carros chegam até Tutuala e descem (mal) por um caminho que sai da aldeia e que ao longo de vários quilómetros serpenteia a encosta numa prova de todo-terreno do mais “extreme” que por cá se conhece.

Desde Dili são umas cinco horas de jipe. A ultima e mais violenta, põe-nos num estado de moídos tal, que quando se chega lá abaixo e se avista o mar sentimo-nos como os três pastorinhos no seu dia de (des)graça! A água é de um azul-capa-de-brochura-turistica incrível, misturado com verdes água que fazem do mar um liquido meio etéreo que balança contra as rochas da praia o no qual logo queremos mergulhar.
Os “apoios” ao visitante são nulos e a pequena comunidade piscatória local já aprendeu a tirar partido destas visitas de fim de semana e providencia transporte e alimento para quem quiser, i.e. Transporte para passar o dia no ilhéu de Jaco e Jantarinho de peixe fresco grelhado na hora, em fogueira de praia como manda a cartilha. A prática já é tal que até ajudam os mais nabos a montar as tendas...
Do lado de Tutuala a praia propriamente dita não é assim... Linda de morrer!! É só linda... mas agora, do lado de Jaco é outra história.
Para chegar ao ilhéu apanhei a dita boleia num bero - barquinho tradicional feito de um só tronco de árvore escavado com flutuadores de bambo balançados uns bons dois metros para cada lado. O resto do grupo foi num barco “menos tradicional” que levava mais gente... mas que metia menos água. Tudo é feito de um modo muito expedito e os mesmos barcos são os da faina para a qual partem pouco após nos largarem no ilhéu.

O ilhéu de Jaco é.... como hei-de pôr a coisa?... um ilhéu!! Um pequeno ilhéu cheio de mato no centro com metade da costa em praia e a outra em rocha. Quando vamos ao ilhéu de Jaco não vamos propriamente por causa do pedaço de terra em sí... é o mar e a praia que nos interessa.
A praia tem uns cinco metros de fundo mas estende-se à volta do ilhéu numa língua muito comprida até encontrar uma coroa de pequenos rochedos que circunda o resto do ilhéu.
A areia é branca e fina e entra para dentro do mar de uma maneira suave proporcionando os melhores banhos do mundo! Mais à frente começam os corais e as tardes passadas dentro de água a snoklar são intermináveis... é frequente avistar tubarões de coral com metro e meio, white ou black tip, são inofensivos... mas não tivemos essa sorte. Outra fauna marítima que se encontra facilmente é a cobra coral, menos inofensiva, é o bicho mais venenoso de Timor Leste. Com este tive um pequeno encontro que não me apetece repetir.

Mas de todos os “perigos” que espreitam em Jaco o maior está bem à vista e faz quase sempre vitimas. O sol. O sol em Jaco é fortíssimo!! As sombras na praia são escassas e como se passa o dia dentro de água nem se dá pelo calor. No fim, feito o balanço há sempre pessoal com escaldões e até aconteceu ao Gonçalo ficar cheio de manchas vermelhas durante semanas por causa de uma alergia que o sol lhe provocou.
Depois de um dia muito, mas muito bem passado, durante o qual a única peripécia a assinalar foi eu ter quase-perdido-pela-enésima-vez os óculos debaixo da toalha de alguém e já estar a ver a vida a andar para trás pois sem óculos vejo pior que um morcego e não existem oculistas (ou sucedâneos) em Timor Leste, rumámos de volta para a ilha de Timor e passamos um belo fim de tarde a “montar o campo” e à conversa à beira mar no lusco-fusco à espera que a comida ficasse pronta...
O jantar foi peixe com peixe. Servido na tampa de uma das geleiras, três peixes bem apresentados fizeram as nossas delicias... é claro, a Bintang sempre presente, cerveja indonésia de eleição entre os tugas acompanha-nos para todo o lado.
São estas coisas simples da vida que fazem dela saborosa... comer peixinho fresco com as mãos numa praia só para nós num lugar perto do paraíso...

Depois ficámos pela praia à conversa e a cantarolar os mega clássicos portugueses dos anos oitenta e outros tantos ainda mais clássicos... Estava eu, muito descontraidamente deitado numa relvinha de areia a acompanhar as melows quando sinto uma coisa pesada a tocar-me no braço... digo pesada porque deitados no chão, no breu da noite, acabamos habituados a sentir os milhares de búzios e caranguejos que andam a fazer a sua vidinha perto de nós e que inevitavelmente chocam connosco - gigante obstáculo atravessado no caminho.
Não esta coisa não era um búzio... era algo mais pesado. “Bom... é melhor levantar-me e espreitar não vá ser uma daquelas centopeias gigantes que quando picam é um ver se te avias”... acendo a lanterna à sport billy e vejo espantado... Listrada branca e preta, uma cobra de coral com cerca de um metro. Ia calmamente a caminho da toca e raspou no meu braço. Recuei não fosse o bicho sentir-se incomodado com o foco, mas nada... ia na maior das calmas.
Pormenor menor era o resto do grupo estar exactamente na sua rota - “Ei pessoal... está aqui uma cobra...” disse eu com ar calmo para não lançar o pânico - “he, he, pois uma cobra e tal...” responderam sem ligar nenhuma- “PESSOAL! ESTÁ AQUI UMA COBRA!!” Ui!! foi vê-los saltarem todos ao mesmo tempo!! “onde, onde,onde?!?”
Aparentemente a cobra de coral embora extremamente venenosa, não é muito agressiva e tem a cabeça e boca bastante pequenas comparado com as suas primas, o que só lhe permite morder pequenos objectos... e visto bem... eu não qualifico nessa categoria.
Passada a excitação do momento e respectiva sessão de fotos, a festa foi transladada para um local mais seguro... afastado da água, pêro do sitio das tendas - Onde só há lacraus e escorpiões... mas estes dificilmente se evitam...

Pela primeira fez na vida dormi numa tenda mosquiteiro – A mosquito dome é basicamente uma tenda de rede sem duplo-tecto.

Foi espectacular adormecer a olhar, por entre as enormes árvores, o céu super estrelado de Timor Leste.

3 comments:

Anonymous said...

Parece ser inacreditavelmente perfeito. Mesmo com cobra.

Anonymous said...

A terceira foto a contar de cima tá do caralho (a da menina)!! Só lhe falta mais um bocadinho de nada de luz. Mas assim também está linda porque mais misteriosa, talvez.

Abração Man!

Paulo

Vera Silva said...

Jaco....paradise!!! :)

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Este mapa dá para ir mantendo a perspectiva da Globalidade do assunto... Sim... eu sei que a mancha é grande e até parece muito... Mas aqui as manchas maiores equivalem a Macau + Hongkong = China; Nordeste = Brasil; Califórnia + New York = USA, e assim até parece que já estive no Alaska, no Bornéu, na Papua Nova-Guiné, etc... Ui que vistaço!!! create your own visited country map