Um mês gone by...

Um mês gone by... e nada escrito. Vergonha da vergonhas... depois de tanta promesa voçes pensavam que eu já tinha desistido ;) ...

E desta vez não posso culpar a vida social pois essa anda muito morninha.

Estes três meses começaram a 15 Janeiro. Desde então não tenho tido tempo para respirar com o trabalho acumulado e urgente de despachar. A passada segunda feira entreguei o ultimo concurso no ministério das obras publicas, Ufff... custou mas foi.

Quando vinha já sabia que tinha umas “coisinhas” à minha espera... uns concursos e tal... mas quando cheguei e comecei a ver tudo o que era necessário para concorrer pus logo mãos à obra. É que a parte da proposta para os concurso nem era o mais complicado, a questão é que o registo da empresa estava caducado, os impostos por pagar, entretanto os sócios mudaram em Portugal e punham-se uma série de questões legais e burocráticas para resolver... enfim o filme todo!!

E eu cá sozinho a tratar de tudo!! Ao mesmo tempo contratei uns contabilistas para me tratarem dos impostos e andei a contactar empresas locais para serem nossos parceiros nos concursos....

Bom, vocês não estão bem a ver o speed com que eu andava tanta era a pressão de cumprir os dead-lines dos concursos.

Quatro eram eles. Um dia 7 outro dia 9 e outros dois dia 12.

Entre vários filmes surrealistas ao pé dos quais o David Linch parece um menino de berço – passei pela máquina burocrática do estado timorense que faz lembrar Portugal à trinta anos, com a agravante de não falarem um chavo de Português ou Inglês e cada qual dizer da sua sentença, por uma “nega” de ultima hora do nosso parceiro, que mais me cheirou a uma conspiração contra os Malai que ia inviabilizando todo o trabalho e para rematar por um marido que achou que a sua “dama” não podia ser secretária da empresa e depois de estar tudo certo e preparado para trabalhar, veio transmitir que o lugar da mulher é em casa a tomar conta dos filhos...

Isto só visto! E vivido.

Bom para encurtar, a ultima semana foi de arrebentar a dormir 4 horas por noite e a trabalhar a contra relógio para as entregas. É que o pessoal em Lisboa, como bons Portugueses que são, deixam tudo para a ultima da hora e quando estão a trabalhar na véspera da entrega, significa que eu estou aqui a receber as coisas e a montar as propostas na noite de véspera da entrega, para entregar no dia seguinte ás 10 da manhã!! São uns bacanos....

A única que me valeu é que dia 12 foi segunda e o pessoal lá em Lx não queira trabalhar ao domingo e por isso, nesses trabalhou antecipadamente. Brincas... trabalhar ao domingo, não?!?

A mim é que não me valeu de muito pois fiquei na mesma com o fim de semana estragado que nem uma Prainha fiz... julgavam que Timor era só bananas e praia, era?!?

Aliás... isto tudo começou com a minha fraca vida social, e estou para aqui a tagarelar de trabalho!! Desde que cheguei ainda não fiz nada de jeito. Tenho feito umas prainhas de fim de semana, fizemos um barbeque na praia atrás do Cristo mas estava um vento tal que as bifanas mais pareciam panadinhos quando saiam da grelha... foi uma aventura. Mas compensámos com umas cervejinhas bebidas dentro da água... coisa fina, um “must do” por estas bandas.

Isto por cá está um pouco diferente. Dili continua com problemas sérios de violência entre gangs e por vezes há pessoas que são apanhadas no meio sem saberem como... esta é uma realidade que tem estragado o ambiente relaxado que já tive a sorte de viver por cá... os estranjas sabem que não é nada consigo, mas não vá o diabo tece-las...

Desde a situasi em Abril passado, já passamos por momentos de “ambiente vivido” pela comunidade internacional muito diferentes...

De Abril a Junho foi para esquecer, andava-mos todos tão apreensivos e sempre alerta que não podíamos fazer metade das coisas giras por questões de segurança. Só sair de Dili era uma aventura e os fins de semana envolviam-se em tantos pró-formas que perdia-mos metade dos candidatos. Mas é engraçado, nestes momentos de maior apreensão o pessoal chega a um ponto em que está doidinho para curtir e no meio da rotina de fim de semana de ir sempre aos mesmos sítios comer e ouvir sempre a mesma ***da de musica no mesmo sitio de ***da, acontecem coisas engraçadas.

Tudo começa com um jantarinho pacato no Balinês, ou no Indonésia, ou no Indiano, ou no Paquistanês (You name it! A gama de restaurantes amonhézados é incrível!) ou então no Vasgo da Gama considerado pela tuga comunity como um must na cidade... depois bebe-se uns bujecos e até quem sabe um gim tónico para rematar. Nisto instala-se um ambiente de boa disposição e o pessoal começa a ficar com fogo no rabo para o pezinho de dança no Exótica!! Lugar de grandes noites passadas por não haver qualquer alternativa – bom minto. Agora à outro spot – o emigma - mas é o equivalente a ir a uma discoteca em Ferreira do Alentejo a meio de umas férias de bujeco, caracol e banhos de barragem.

E chega-se lá e até está um bom som e o pessoal até está animado e passa-se a noite toda a dançar e conversar e pronto... quando damos por nós são cinco da manhã, aquilo está a fechar, o pessoal ainda está com pica e o spot seguinte da lista é o inevitável AAJ.

AAJ, bar semi-alterne de grande classe, é a coisa mais próxima de um BAR que existe na cidade de Dili e manda grande selecção de Karaoke multilingue com a qual nos deleitamos nos finais de noite mais “violentos”. A nossa fama já nos suplanta, por isso quando entramos no AAJ somos sempre presenteados com inumeros internacionais sorrisos amarelos - o pessoal já sabe o que a casa gasta... mas nós compreensivos, até somos uns porreiros, esperamos sempre que a casa vaze... e se algum pobre incauto por azar se deixa ficar agarrado ao balcão com o dentes, depressa reconhece o seu erro e o AAJ fica logo vazio. Aliás... eu até suspeito que a dona do bar – uma indonésia de meio metro porreirissima que canta sempre a mesma musica, “I wana dance with somebody” de uma qualquer afro american singer, tipo dianna ross dos tempos modernos, da qual não me lembro o nome – só nos deixa cantar para “limpar” bar e poder fechar as portas. Se o AAJ fosse lavado, éramos de certeza, e sempre, empurrados pela senhora da esfregona para a rua.

Bom, apanhando o fio à meada...

Julho e Agosto foram os melhores meses para passar em Portugal. Famelga, amigos, rua da Vigia... Avencas e tal... FMM em Sines com grandes dias de praia nos aivados... muito bom.

Quando voltei a Dili em Setembro o ambiente estava muito melhor e o pessoal mais confiante e solto e até meados de Dezembro foram os meses mais bem passados em Timor. Particularmente no que se refere a feriados...

É verdade amigos... existe um pais com mais feriados do que Portugal.. é Timor Leste!!

Entre Novembro e Dezembro houve tantos fins de semana largos que eu para dar vazão ao trabalho até falhei alguns... ao que um homem chega...

Vou apontá-los de seguida para mais tarde falar deles.

28 Out., Tutuala e Jaco num fim de semana de paisagens paradisíacas com águas cristalinas e praias de areia branca a perder de vista. Se o paraíso existe deve ser algo assim...

31 a 7 de Nov. aconteceu Bangkok. Foi lindo e fiquei apaixonado pela cidade... não sei se o facto de Dili ser um desterro tão grande teve alguma influência na minha percepção das coisas... e por isso tenho que lá voltar para tirar a prova dos nove ;).

3 Dez. FDS em Aileu – Vila no meio da montanha a 1 hora para sul de Dili. É como da noite para o dia. Mais Verde, mais fresco muito, muito mais agradável.

9 Dez. FDS em Baucau – Segunda cidade de Timor Leste situada a 3 horas para oeste de Dili. Localizada numa encosta virada ao mar. É reconhecida pela vegetação exuberante e por ter água da montanha continuamente a correr por canais construídos na encosta. Tem umas piscinas que enchem com essa água mas que ainda não tive a oportunidade de visitar... Também tem o melhor aeroporto do país... e umas praias lindas... aliás eu ainda não percebi porque é que os Portugueses escolheram Dili como capital... deve estar ligado ao porto comercial, pois Dili está numa das piores situações geográficas deste país! Virada a norte, encaixada no sopé da montanha. É das cidades mais quentes e abafadas, só sendo suplantada por viqueque na costa sul da ilha.

E last but not least... o curso de mergulho, porque as vistas não são só fora de água e este país é simplesmente incrível para fazer mergulho!! Deste não tenho fotos, mas as memórias são fortes...